Anjo Bélico

Prólogo

  — Minha vida é horrível, já estou cansado de ser chamado de magrelo, estúpido, esquisito, feioso e outras coisas a mais que não gosto nem de lembrar! Não entendo o porquê das pessoas me irritarem tanto. O que custa elas deixarem o nerd em paz? Pra você ter uma noção, eu sou o mais anti-social da escola! Não converso com ninguém e nem fico fofocando da vida dos outros, apesar de que não tenho ninguém para fazer isso. Desde o primário minha vida é um inferno! Nunca entendi o fato das pessoas me odiarem tanto assim. Eu observava aqueles garotões com o futuro de popular decidido, eles faziam piadas sem graças que todos caiam largados de tanto rir, mas eu não achava graça nenhuma! Fala sério, por que logo comigo? Eu nunca fiz nada de errado, sou até um garoto cristão. Bom, o que me resta é esperar para ver o que a vida tem a me dar, só espero que não seja socos e bofetões dos garotos fortes da escola. — Minhas lamentações soavam pelo meu quarto enquanto eu tentava não chorar fitando-me através do espelho.

  — Calma Miguel, sua vida mudará completamente! — Uma voz sussurrou no pequeno e moderno cômodo.

  — Que? Quem está aí?... Nossa, que estranho, pensei ter ouvido alguém dizer algo sobre minha vida. Deve ser coisas de minha cabeça! Mas então Senhor Espelho, como eu ia dizendo... Não aguento mais mentir para minha mãe, ela acha que eu sou um menino normal, que tem amigos e que é feliz, mas mal sabe ela da verdadeira história.

  — Filho, está tudo bem? — Minha mãe repreendeu-me aparecendo na porta de meu quarto.

  — Sim mamãe, apenas estou tentando espremer algumas espinhas! — Fingi apertar o rosto — Quando sair, feche a porta, por favor!

  — Claro!

  — Nossa conversa, hoje, está bem estranha, não acha Senhor Espelho?... Eu só queria ser feliz! — Abaixei a cabeça pensando no quão idiota eu era, ao ponto de falar com espelhos.

  — Você será feliz, apenas tenha paciência! — A voz sussurrou outra vez.

  — Hã? Quem está aí? Mãe, é você? Papai? Anne?

  — Você será feliz Miguel, apenas tenha paciência!

  — Quem está aí? — Assustei-me.