Capítulo 7

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Você precisa se acalmar, baby, eu não estou te enganando

Vou mandá-la de volta à escola

Bem lá no fundo, você precisa disso

Eu vou te dar meu amor

Quero um bocado de amor

Você vem aprendendo, baby, eu venho aprendendo

Todos aqueles maravilhosos momentos, querida, baby eu sinto muita falta

(Tradução de um trecho da música Whole Lotta Love – Led Zeppelin).


Eu sei que era totalmente imprudente, mas contemplei o rótulo diante de mim. A Alemanha é conhecida pela terra da cerveja, apesar dos tchecos consumirem mais que nós, ainda vencemos o mundo em variedade da bebida. Agora, no entanto, eu tinha praticamente desenterrado uma Jägermeister* e jogado um shot em minha cerveja.

Apreciei o JägerBomb* e comi o petisco pobre de peixe que Cláudio havia feito. Seus cachos estavam ainda mais rebeldes, uma vez que ele não os parou de puxar desde que entramos em casa e eu despejei tudo a ele.

— Vamos lá, brô. Nós somos engenheiros e funcionamos com números e lógicas – argumentou, sentando-se ao meu lado.

Assenti para ele e voltei a deixar minha cabeça baixa. As últimas horas tinham sido insanas, para dizer o mínimo.

— Enumerando, meu caro. Ei! Preciso da sua atenção total nesse pretinho gostoso aqui. Não resista – debochou e, pela primeira vez nesse cenário caótico, joguei a cabeça para trás e ri.

— Sua autoestima deveria ser vendida.

— Um: pode ser ou não sua Mariane. – O olhei irritado, mas sem nada dizer. — Não me olhe como se fosse me estripar, brô. Estamos seguindo as hipóteses. Dois: Se não for, será uma sósia e você está tendo esperanças à toa. E, se não aguentou até aqui, respire fundo porque deixei o pior para o final.

Cláudio jogou três petiscos de peixe, de uma única vez na boca, talvez para combinar com a próxima hipótese, por ser um morto de fome ou as duas opções.

— Três: pode ser ela e, esse tempo todo, ela não te quis.

Dei três goladas em minha bebida exótica e abaixei a cabeça. Maldito número três.

— Você não a conheceu direito. Ela nunca teria feito isso. Além do mais, aquele garoto é meu xerox. No mínimo, preciso descobrir onde estão pelo meu filho.

Não tinha como ser uma sósia ou nada disso. Eu não sabia o que tinha acontecido, mas definitivamente, duvidava que a minha Mariane fosse capaz disso.

— Às vezes achamos que conhecemos, mas pode ser que não. – Deu de ombros. — Sobre a criança, será que não é porque você quer tanto que seja verdade que está fantasiando isso?

Meu olhar mortal o deteve e ele ergueu os braços.

— Em breve saberemos – murmurei.

Laura e seu pai chegariam a qualquer momento. Eu me senti mal de envolvê-los, mas seu pai era um dos melhores advogados do país e eu não podia perder mais um dia sem saber toda a verdade. Além disso, minha crença se provou real quando a vi e ao nosso filho. Eu senti.

Eu (não) me lembro [DEGUSTAÇÃO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora